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segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Barack Obama e sua estratégia digital.

03/11/2008
As armas digitais da nova democracia
Fonte: Jornal o Estado de São Paulo - Link


Independentemente de quem vença a eleição norte-americana amanhã, uma coisa é certa: após Barack Obama nunca mais uma campanha será igual nos EUA. Talvez nem no mundo. Pela primeira vez um candidato ao cargo mais importante do planeta colocou a internet e a tecnologia no coração de sua estratégia, quando suas pretensões pareciam um sonho, em 2007. Rede social, YouTube, Twitter, mensagens de texto via celular, propaganda em videogame foram as armas digitais usadas pelo democrata, antes um senador pouco conhecido. Seu rival republicano, John McCain, bem que tentou correr atrás, mas a dianteira de Obama na web estava consolidada. Amanhã, seu desafio será transformar esse entusiasmo virtual em votos na urna. Mesmo que perca, a internet, daqui em diante, ocupará um papel central na política americana. E, em breve, de outros países.

Obama cria rede social para organizar voluntários

Eleitores pró-democrata recebem, via web, missões como a de visitar
indecisos
e levar aposentados para votar; McCain faz campanha mais tradicional

Pedro Doria

A rede mundial de computadores, com sua capacidade de mobilização barata e descentralizada, alavancou a candidatura do democrata Barack Obama de forma bem mais sofisticada e eficiente do que a campanha do republicano John McCain, mais tradicional, foi capaz.

A arrecadação de recursos via web é um dos resultados mais palpáveis dessa estratégia virtual: do início de 2007, quando lançou sua pré-candidatura no Partido Democrata, ao último dia 15, Obama arrecadou US$ 640 milhões, grande parte disso por meio de pequenas doações individuais.

Entre as primárias republicanas e a campanha propriamente dita, McCain arrecadou US$ 360 milhões (incluindo o financiamento público, do qual Obama abriu mão).

Mas quem vê apenas essa quantidade abissal de dinheiro não entende como Obama venceu, nas primárias, a candidata favorita da elite democrata, Hillary Clinton. Nem como chegou à véspera da eleição como franco favorito. A chave do fenômeno está na arregimentação e organização online de voluntários (além de outras ferramentas hi-tech como mensagens de texto, anúncios em videogames ou mesmo o velho celular).

À primeira vista, quem visita os sites johnmccain.com e obama.com não vê maior diferença. Em ambos há convites para que o eleitor se inscreva, pedidos de doação e venda de camisetas e adesivos, sem falar em filmetes, textos biográficos e programa de governo. A diferença está em como os dados angariados são utilizados: na base do site obama.com, há um software de rede social mais complexo que o de um Orkut ou um Facebook.

Parêntese: nos EUA, o voto não é obrigatório e, mais difícil do que convencer um eleitor a escolhê-lo, é entusiasmá-lo a sair de casa e votar.

Quem se inscreve na rede de Obama é imediatamente convocado a ajudar. A eles, pedem, por exemplo, sugestões de nomes de eleitores com alguma inclinação democrata (e independentes ou até republicanos descontentes). Tais nomes são incluídos em grandes bancos de dados cuidadosamente estruturados, que reúnem listas detalhadas de indecisos em todo o país. É algo sem precedentes.

Então os voluntários recebem, via web, missões bem específicas como ligar ou fazer visitas a eleitores em sua vizinhança. Ganham uma lista de endereços, telefones e argumentos; e a missão de convencer potenciais eleitores um a um.

Foi nas primárias democratas no Texas, em 4 de março, que a vantagem propiciada por esse banco de dados ficou clara. Hillary era favorita, diziam as pesquisas, mas as regras eleitorais do estado são complexas. Não é apenas o voto na urna que conta. A presença de eleitores em reuniões de discussão, à noite, também tem peso. Nunca ninguém havia ligado para tais reuniões, conhecidas como “cáucus”, porque convencer cidadãos a comparecer é difícil.

Mas, com o mapa de voluntários e eleitores nas mãos e disparando emails e mensagens de SMS, a equipe de Obama enviou tantos eleitores a essas reuniões que Hillary ganhou nas urnas mas perdeu nos cáucus. Em primárias disputadas voto a voto, isso foi determinante para Obama tirar a poderosa Hillary da frente.

MOMENTO CHAVE
Obama.com é criação da empresa Blue State Digital. Seus fundadores trabalharam, em 2004, na campanha derrotada do atual presidente democrata, Howard Dean, que inovou no uso da internet. A turma estava disposta a trabalhar para quantos candidatos democratas os contratassem. Só Obama quis.

Agora chegou o momento chave. Numa eleição indireta como a dos EUA, tem mais chances quem vence nos estados com mais peso eleitoral - e mais delegados no Colégio Eleitoral. McCain conduziu uma campanha tradicional e tem sua equipe concentrada nesses grandes estados. Obama, além de funcionários pagos, também conta com o grande número de voluntários conectados pela rede mundial de computadores.

Nas últimas semanas, aqueles que vivem em estados essenciais como a Flórida foram instruídos a votar cedo, pegar seus carros e rumar para cidades específicas. Um terá a responsabilidade de dar carona a aposentados até a urna. Outro fiscalizará zonas eleitorais que deram problema em outras eleições.

Só no Missouri, estado pequeno mas decisivo, existem 25 mil voluntários pró-Obama, cuja mobilização virtual não tem precedentes. Mas eleição ainda é voto na urna, um por um. Amanhã, o resultado real.

ACOMPANHE A ELEIÇÃO NOS EUA PELA WEB

Real Clear Politics (www.realclearpolitics.com) - Com experiência desde as eleições passadas, o site reúne e consolida diversas pesquisas e é líder na categoria.

Personal Democracy (www.personaldemocracy.com) - Com cerca de 20 editores, a organização publica reflexões sobre políticas públicas na área de tecnologia.

Politico (www.politico.com) - Fundado em 2007, o Politico tem um jornal distribuído em Washington e produz conteúdo para TV e rádio.
´
Daily Kos (www.dailykos.com) - Um dos blogs de política mais famosos dos EUA, o Daily Kos foi criado em 2002 pelo jornalista Markos Moulitsas.

The Huffington Post (www.huffingtonpost.com) - Criado por Arianna Huffington, o site é o endereço político mais acessado nos EUA, com 4,5 milhões de leitores.

Drudge Report (www.drudgereport.com) - No ar desde 1994, o blog conservador foi ultrapassado em audiência pelo concorrente The Huffington Post, mais liberal.

Talking Points Memo (www.talkingpointsmemo.com) - O blog liberal começou a fazer sucesso com críticas às políticas externas do atual presidente dos EUA, George W. Bush.

TechPresident (www.techpresident.com) - Iniciativa do Personal Democracy Forum, o blog mostra como a internet e a tecnologia influenciam as campanhas.

03/11/2008
Republicano já usara a web

Não é mérito apenas do Partido Democrata o uso inovador da internet na política norte-americana. Quando o deputado federal Ron Paul decidiu disputar as primárias do Partido Republicano, em março de 2007, contratou apenas dois funcionários. Uma era Justine Lam, então com 28 anos, que teria a função de coordenar a campanha online.

Em 5 de novembro do ano passado, Paul arrecadou US$ 4,2 milhões, recorde em um só dia. “O que tínhamos era o apoio de uma base de eleitores entusiasmados”, lembra Justine. Com um pré-candidato pouco famoso – e sem poder contar com um sistema sofisticado (e caro de produzir) como o de Obama – Justine optou por usar sites públicos que facilitam o encontro de grupos interessados em um determinado tema.

“Os eleitores se organizaram por conta própria”, lembra. Paul não conseguiu a candidatura. Mas se tornou o mais popular republicano da internet.


03/11/2008
‘Internet põe a política nas mãos das pessoas'

NDREW RASIEJ, editor do site TechPresident

CAMILA VIEGAS-LEE

A internet potencializa as conversas sobre política e facilita a formação de um consenso, e essa é uma tendência irreversível. É o que diz o nova-iorquino Andrew Rasiej, que criou o site TechPresident para “cobrir como os candidatos à presidência estão usando a web e como o conteúdo gerado pelo eleitor afeta a campanha”. Leia entrevista concedida ao Link.

Pergunta: Em 2004, você dirigiu o Conselho para Tecnologia de Howard Dean (pré-candidato democrata), a primeira campanha que usou o potencial da web. Como foi?

Resposta: Ele era um desconhecido governador de Vermont que deixou um grupo de garotos de 25 anos em seu escritório enquanto levantava fundos. Na época ele era o único democrata que afirmava publicamente que o presidente George W. Bush (depois reeleito) estava errado. Então cidadãos frustrados com Bush ligavam para o escritório de Dean e pediam autorização para criar blogs de apoio. E os garotos diziam “claro!”. Assim surgiram sites como Lésbicas para Howard Dean, Donos de Harley Davidson’s para Howard Dean, Vegetarianos para Howard Dean, etc. Formou-se uma comunidade vibrante de bloggers. Meses depois, Howard foi a Nova York e seu assessor Joe Trippi recebeu uma ligação dizendo que um grupo de amigos queria encontrá-lo.Trippi respondeu que não havia agenda até saber que eram 300 amigos. “300? Vamos mudar nossa programação.” No grupo, havia um jornalista do “NYT” que escreveu sobre como a reunião só tinha sido possível por causa de uma plataforma online chamada Meetup. E assim nasceu o candidato da internet.

Pergunta: Mas ele não foi escolhido candidato do Partido Democrata...

Resposta: Howard teve dificuldades em delegar. Estava acostumado com “eu sou o candidato e vocês devem me apoiar” e não com “vocês têm o poder”. Mas arrecadou US$ 22 milhões online e hoje é presidente do Partido Democrata.

Pergunta: Qual é a diferença com a campanha deste ano?

Resposta: Hoje 60% dos americanos têm acesso à banda larga, o dobro de 2004, e 50% dizem procurar informação política na rede. As ferramentas para a organização de grupos estão muito mais poderosas. Se eu indicar um restaurante, você ficará mais inclinada a experimentá-lo do que se lesse no jornal. A opinião política também é formada por pessoas conversando ao redor da mesa, no bebedor, na fila do supermercado, na arquibancada do jogo. É lá que elas mostram seus preconceitos e medos, suas aspirações e, aos poucos, um consenso político se forma. Meu pai tem 82 anos e tem pouca familiaridade com emails, mas já mandou vídeos do Obama a 50 amigos. Teria levado um ano para comunicar sua escolha política aos mesmos 50 amigos. E não teria pego o telefone porque se sentiria muito intrometido. Com o YouTube, tornou-se um panfletário do século 21. A ecologia da mídia política mudou.

Pergunta: Como as ferramentas online ajudaram Obama?

Resposta: Ele sabe que seus eleitores distribuirão os vídeos para ele e, com isso, ultrapassou as estruturas tradicionais de poder da mídia política. Vivemos em uma economia de escassez, com espaço limitado no jornal e na televisão. Na internet, Obama pode postar explicações detalhadas de suas posições. Seus discursos foram assistidos 8 milhões de vezes no YouTube. Isso além dos comerciais de dois minutos e o infomercial de meia hora a uma semana das eleições. Ele percebeu que os americanos estão famintos por conteúdo e essas diferentes plataformas estão permitindo que ele fale sem parar.

Pergunta: E como está a campanha de McCain na internet?

Resposta: Ele também está arrecadando fundos e montando uma lista enorme de emails. Seus eleitores também postam vídeos. Há um particularmente impressionante, já visto 15 milhões de vezes, em que um jovem veterano do Iraque diz diretamente para a câmera que Obama não compreende o que é patriotismo. Ao virar as costas para sair, percebe-se que ele tem uma perna biônica. Mas McCain começou tarde, quando Obama já fazia campanha online havia 18 meses. Não separou dinheiro para investir na web, não se cercou de pessoas que acreditavam no meio, não foi capaz de construir uma comunidade online robusta.

Pergunta: Obama anunciou que Joe Biden seria seu vice por mensagem de texto.

Resposta: Ele também usa twitter. Isso permitiu que ele colecionasse 3 milhões de números de celulares e direcionasse os eleitores para o site. Assim ele obtém ainda mais dados sobre eles e, depois, poderá usá-los para incentivar as pessoas a votar. O cálice sagrado da internet é converter o entusiasmo online em ação offline.

Pergunta: Você tem dito que, independentemente de quem vença, a política nunca mais vai ser a mesma. Por quê?

Resposta: Se o Obama vencer, poderemos afirmar que foi por causa da internet. Algumas pessoas vão dizer que foi porque a economia está mal, porque ele é carismático ou por outras razões. Há vários fatores, mas, se hoje não se vence só por causa da internet, é certo que não dá para vencer sem ela.





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